sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A EXISTÊNCIA COMO BUSCA EM AGOSTINHO


“Que eu me conheça a mim mesmo, para que eu te conheça Senhor”

A trajetória de vida do bispo Agostinho de Hipona revela-nos o grande motor que o impulsionou durante toda a sua existência: a busca do conhecimento, primeiro de si, depois de Deus. É sabido de todos como foi a vida de Agostinho antes de sua adesão ao Cristianismo. Dele pode-se dizer que viveu grandes crises existenciais durante sua agitada vida. Tais crises revelam o quanto o sábio Doutor viveu profundamente, na radicalidade tudo o que lhe sobrevinha, resultado de suas ações, muitas das vezes não tão santas. Assim também, no decorrer de nossa existência, estamos sempre buscando um encontro conosco mesmo. Alias, foi Agostinho quem fundamentou o conceito de pessoa. Por meio dele o Bispo de Hipona pretendia explicar que cada individuo é único e irrepetível, uma existência autônoma e responsável por si próprio. Nesta perspectiva, as muitas coisas que nos foram transmitidas por aqueles que viveram antes de nós, servem-nos como um rumo norteador para que realizemos esta intrincada tarefa: conhecemo-nos a nós mesmos. Deste modo, quando passamos a buscar compreender os nossos comportamentos abre-se a nossa frente um caminho novo, promissor, pois tomamos em nossas mãos a nossa própria existência, tornando-nos os únicos responsáveis pelo que dela fizemos. Simone de Beauvoir, no livro oral da Ambigüidade, declarava: “Existir é fazer carência de ser, é lançar-se no mundo: pode se considerar com sub-homens aquele que se ocupam em paralisar esse movimento original.” Neste contexto, retornaremos à segunda questão que assolava Agostinho: conhecer a Deus. Ora, o Santo Doutor, no decorrer de suas Confissões, começa a compreender que ele fora feito para descansar no Senhor. E, portanto, o conhecimento de Deus implicava um mergulho sobre si mesmo, um resgate de sua própria persona. Agostinho compreende, por isso que Deus é parte integrante de sua vida e que a ele deveria confiar-se para poder repousar eternamente desta busca incessante. Não podemos concluir de outro modo: o melhor da vida é vivê-la junto com os demais, saber que estamos em uma profunda busca do conhecimento próprio. A certeza é que Jesus nos mostra um Deus que acima de tudo nos quer felizes. Conhecer a si implica viver bem a vida sem perder as oportunidades, e com elas aprender para depois transmiti-la aos demais.

DIEGO MOURÃO e MANOEL DE JESUS

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