sábado, 21 de novembro de 2009

A QUEM BUSCA A CONVERSÃO


Tenho ouvido, algumas vezes, você falar em sua conversão, e na alegria que experimenta em sentir-se convertido a sentir uma santa inveja desse seu arrebatamento. Na verdade, a conversão é uma das experiências mais notáveis que o ser humano pode experimentar, pois nasce no profundo de seu ser, e impele-o a relacionar-se de forma íntima e totalizante com Deus. Conversão é isto. É a gente mudar de rota, desprezando a vida do pecado e das facilidades mundanas para aceitar o convite de caminhar com Deus, iluminado por sua luz.

Entretanto, é bom que a gente medite sobre alguns aspectos de conversão humana. Será que nossa conversão sempre exprime mudança de rota, troca de rumo, desprezo aos valores do mundo, adesão ao projeto de Deus?

O filósofo Kierkegaard afirmou que em matéria de espiritualidade, a gente nunca é, mas está sendo... Ora, isso nos deixa claro, então, que o ser humano nunca estará totalmente convertido, pois, considerando-se a conversão como um processo dinâmico, ele estará sempre convertendo-se.

Até Cristo, revestido da fragilidade de nossa matéria humana, experimentou algumas vacilações: teve medo, irou-se, teve fome e sede, desconheceu alguns fatos dó de ciência do Pai, etc.

A via-crucis é um claro exemplo da caminhada humana: é constante cair e levantar...

A conversão acontece em dois níveis: pelo intelecto e pelo coração. A fase mais profunda do processo acontece quando resolvemos mudar nosso coração. A acolhida do amor de Deus e sua co-responsabilidade com o amor ao próximo é o fundamento da conversão. Esta, entretanto, normalmente chega pelas vias intelectuais. A máquina, antes de ser digerida pelo coração, é apreendida pela inteligência, sem sofrer, entretanto, ajuizamento de valor.

Através da fé o coração processa aquilo que a razão captou, e dessa junção da inteligência com a afetividade nasce a mudança de vida, que é o principio básico da conversão.

Conversão é, como dizem, um processo dinâmico, um cair e levantar, sombras opondo-se a luzes, num processo nunca acabado...

Se perguntássemos a um santo, durante sua vida, a respeito de sua conversão, ele jamais se confessaria santo, mas se diária pecador, imperfeito e inconvertido ainda.

Deste modo, constatamos que nós nunca podemos nos considerar santos, convertidos ou justos. Toda conversão é mudança diária, e é preciso mudar a partir de nossos conceitos de vida e de fé.

Essa fé nos dá a esperança permanente de – reconhecidas nossas limitações e corrigidas nossas falhas – trilharmos o difícil, mas compensador caminho daquele que humilde e perseverantemente buscam, diuturnamete, sua conversão.

Antônio Mesquita Galvão