sábado, 12 de dezembro de 2009

Santa Luzia, Rogai por nós.



13 de dezembro

Santa Luzia, Virgem e Mátir


MEMÓRIA

Morreu provavelmente em Siracusa, na perseguição de Dioclecinao. Desde a Antiguidade seu culto estendeu-se por quase toda a Igreja, e o seunome foi incluido no Cânon romano.


ORAÇÃO

Ó Deus que pela intercessão da gloriosa Virgem Santa Luzia reanime o nosso fervor, para que possamos hoje celebrar o seu martírio e contemplar um dia a sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sábado, 21 de novembro de 2009

A QUEM BUSCA A CONVERSÃO


Tenho ouvido, algumas vezes, você falar em sua conversão, e na alegria que experimenta em sentir-se convertido a sentir uma santa inveja desse seu arrebatamento. Na verdade, a conversão é uma das experiências mais notáveis que o ser humano pode experimentar, pois nasce no profundo de seu ser, e impele-o a relacionar-se de forma íntima e totalizante com Deus. Conversão é isto. É a gente mudar de rota, desprezando a vida do pecado e das facilidades mundanas para aceitar o convite de caminhar com Deus, iluminado por sua luz.

Entretanto, é bom que a gente medite sobre alguns aspectos de conversão humana. Será que nossa conversão sempre exprime mudança de rota, troca de rumo, desprezo aos valores do mundo, adesão ao projeto de Deus?

O filósofo Kierkegaard afirmou que em matéria de espiritualidade, a gente nunca é, mas está sendo... Ora, isso nos deixa claro, então, que o ser humano nunca estará totalmente convertido, pois, considerando-se a conversão como um processo dinâmico, ele estará sempre convertendo-se.

Até Cristo, revestido da fragilidade de nossa matéria humana, experimentou algumas vacilações: teve medo, irou-se, teve fome e sede, desconheceu alguns fatos dó de ciência do Pai, etc.

A via-crucis é um claro exemplo da caminhada humana: é constante cair e levantar...

A conversão acontece em dois níveis: pelo intelecto e pelo coração. A fase mais profunda do processo acontece quando resolvemos mudar nosso coração. A acolhida do amor de Deus e sua co-responsabilidade com o amor ao próximo é o fundamento da conversão. Esta, entretanto, normalmente chega pelas vias intelectuais. A máquina, antes de ser digerida pelo coração, é apreendida pela inteligência, sem sofrer, entretanto, ajuizamento de valor.

Através da fé o coração processa aquilo que a razão captou, e dessa junção da inteligência com a afetividade nasce a mudança de vida, que é o principio básico da conversão.

Conversão é, como dizem, um processo dinâmico, um cair e levantar, sombras opondo-se a luzes, num processo nunca acabado...

Se perguntássemos a um santo, durante sua vida, a respeito de sua conversão, ele jamais se confessaria santo, mas se diária pecador, imperfeito e inconvertido ainda.

Deste modo, constatamos que nós nunca podemos nos considerar santos, convertidos ou justos. Toda conversão é mudança diária, e é preciso mudar a partir de nossos conceitos de vida e de fé.

Essa fé nos dá a esperança permanente de – reconhecidas nossas limitações e corrigidas nossas falhas – trilharmos o difícil, mas compensador caminho daquele que humilde e perseverantemente buscam, diuturnamete, sua conversão.

Antônio Mesquita Galvão

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A EXISTÊNCIA COMO BUSCA EM AGOSTINHO


“Que eu me conheça a mim mesmo, para que eu te conheça Senhor”

A trajetória de vida do bispo Agostinho de Hipona revela-nos o grande motor que o impulsionou durante toda a sua existência: a busca do conhecimento, primeiro de si, depois de Deus. É sabido de todos como foi a vida de Agostinho antes de sua adesão ao Cristianismo. Dele pode-se dizer que viveu grandes crises existenciais durante sua agitada vida. Tais crises revelam o quanto o sábio Doutor viveu profundamente, na radicalidade tudo o que lhe sobrevinha, resultado de suas ações, muitas das vezes não tão santas. Assim também, no decorrer de nossa existência, estamos sempre buscando um encontro conosco mesmo. Alias, foi Agostinho quem fundamentou o conceito de pessoa. Por meio dele o Bispo de Hipona pretendia explicar que cada individuo é único e irrepetível, uma existência autônoma e responsável por si próprio. Nesta perspectiva, as muitas coisas que nos foram transmitidas por aqueles que viveram antes de nós, servem-nos como um rumo norteador para que realizemos esta intrincada tarefa: conhecemo-nos a nós mesmos. Deste modo, quando passamos a buscar compreender os nossos comportamentos abre-se a nossa frente um caminho novo, promissor, pois tomamos em nossas mãos a nossa própria existência, tornando-nos os únicos responsáveis pelo que dela fizemos. Simone de Beauvoir, no livro oral da Ambigüidade, declarava: “Existir é fazer carência de ser, é lançar-se no mundo: pode se considerar com sub-homens aquele que se ocupam em paralisar esse movimento original.” Neste contexto, retornaremos à segunda questão que assolava Agostinho: conhecer a Deus. Ora, o Santo Doutor, no decorrer de suas Confissões, começa a compreender que ele fora feito para descansar no Senhor. E, portanto, o conhecimento de Deus implicava um mergulho sobre si mesmo, um resgate de sua própria persona. Agostinho compreende, por isso que Deus é parte integrante de sua vida e que a ele deveria confiar-se para poder repousar eternamente desta busca incessante. Não podemos concluir de outro modo: o melhor da vida é vivê-la junto com os demais, saber que estamos em uma profunda busca do conhecimento próprio. A certeza é que Jesus nos mostra um Deus que acima de tudo nos quer felizes. Conhecer a si implica viver bem a vida sem perder as oportunidades, e com elas aprender para depois transmiti-la aos demais.

DIEGO MOURÃO e MANOEL DE JESUS

CONSAGRAR-SE OU ENTREGAR-SE?


Uma vez que a expressão “consagração a Nossa Senhora” pode ser fonte de mal entendidos e, para evitá-los é preciso dar uma série de explicações, muitos preferem usar a expressão “entrega a Nossa Senhora”. Na verdade, numa consagração, a iniciativa é de Deus. Ele é que nos consagra a si – isto é, nos escolhe, nos toma à parte e nos dá uma missão especial. Somos seus. Nossa entrega a Maria tem como finalidade beneficiar-se de sua intercessão para fortalecer nossa escolha de Deus como o amor maior de nossa vida; imitá-la, para, como ela, crescer de um “sim” a outro “sim”, num esforço renovado para fazer a vontade do Pai; e, atentos a seu exemplo, estar unidos Às necessidades que nos cercam. A expressão “ato de entrega a Nossa Senhora” tem, pois, o mesmo sentido, os mesmos objetivos e a mesma profundidade da expressão “consagração a Nossa Senhora” – e não necessita de muitas explicações.

DOM MURILO S. R. KRIEGER, SCJ

ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES


Ó Deus e Pai de misericórdia, despertai nos corações da juventude, a vontade de vos servir na vida religiosa, sacerdotal e missionária. Vós que chamas-te tantos discípulos para continuar a missão de Vosso Filho, chamai também hoje muitos jovens, para serem verdadeiros anunciadores do Evangelho, e concedei a todos nós a generosidade de dizer SIM, como disse Maria. Pondo-nos a serviço do Vosso Reino. Amém.

A QUEM CANSOU DE ESPERAR...


Amigo, A vida da gente é cheia de esperas... A gente espera para nascer, espera que o semáforo abra, aguardamos impacientes nas filas... as consultórios médicos estão cheios de pessoas que esperam, em todos os sentidos... a mulher grávida espera durante nove meses o momento de afagar e conhecer seu filho... esperamos coisas e dias melhores. Há coisas cuja espera é breve, outras mais demoradas, outras, ainda, mais laboriosas e difíceis. A verdade é que nossa vida é cheia de esperas. Às vezes a gente chega a perder a paciência... Que coisa! é só esperar, esperar e parece que nada se alinha, nada entra nos trilhos... Felizes aqueles que sabem esperar, que têm paciência e que alimentam, nessa etapa, uma esperança... “Nós esperamos – ensina São Pedro – por uma terra renovada, onde habitará a justiça” (II Pd. 3,13). À luz desse ensinamento, descobrimos na própria vida humana uma riqueza de conteúdo representada pela expectativa de um tempo novo, quando na terra habitará a justiça, que consiste em não mais vivermos nos sobressaltos do cotidiano, nas ansiedades e nas decepções. O enriquecimento de nossa vida começa pelo grau de esperança e otimismo que possuímos. Como é alegre a vida de uma pessoa otimista! E por quê? Simplesmente porque ela tem esperança! Tristes aqueles cuja vida está mergulhada no mais escuro pessimismo. Jesus cristo disse: “Tenhamos confiança, eu venci o mundo!” Esse vencer o mundo significa o desânimo, a apatia, a preguiça e, pela certeza da fé, vencer até a morte. Vencer o mundo significa forças para enfrentar (às vezes até contra as evidências, como no seu caso presente) e vencer as dificuldades da vida. Vencer o mundo, na visão cristã, começa por uma vitória sobre nós mesmos... Nada é impossível àquele que crê e tem esperança, em si, nos outros e em Deus.

ANTÔNIO MESQUITA GALVÃO

DIANTE DO CRUCIFIXO


Francisco recita esta oração depois de ter visto que a imagem de Cristo crucificado de uma pintura lhe fala, movendo os lábios, e lhe diz: “vai, reforma a minha casa que, como tu vês, está em completa ruína”.


Ó elevado e glorioso Deus, ilumina meu coração. Dá-me fé ínclita, esperança certa, caridade perfeita, humildade profunda, sentido e conhecimento de forma que eu observe teus mandamentos. Amém.

SÃO FRANCISCO DE ASSIS

MISSIONÁRIDADE, À LUZ DO DOCUMENTO DE APARECIDA.

Como filhos e filhas de Deus, temos a sensibilidade de ajudar ao próximo, ajuda essa que se estende do material ao espiritual, essa sensibilidade é o que posso traduzir como um convite ao projeto de Jesus que, em vida terrena depositou todo seu tempo em ajudar os mais necessitados de inclusão na sociedade e de vida espiritual pobre.
Baseado no documento de Aparecida que diz: “(na igreja) Todos os seus membros estão chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, para que nossos povos tenham vida Nele” (Resumo do documento final de Aparecida) podemos perceber a preocupação dos bispos em introduzir cada vez mais a figura do cristão na missionariedade da igreja. Ora, pode o homem ser missionário, sem antes ser discípulo? E pode ser discípulo sem antes ter um encontro pessoal com Cristo? Outrora precisamos saber o que devemos fazer para sermos membros eficazes do projeto de Jesus, isso se dará quando desejosos dessa atitude termos um encontro pessoal com Cristo, que é caminho, verdade e vida (Jo 14,6).
Quando tomarmos posse da missão que nos é confiada como novos CRISTOS, ou seja, ungidos de Deus, “para pregar boas novas aos mansos; restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos” (Is 61, 1) passaremos a ter sensibilidade de ajudar aqueles que como nós, embora não tenham consciência de tal missão, tem a missão de ser conosco novos CRISTOS. O CELAM - Conferência Episcopal Latino-americana e do Caribe, teve uma preocupação de como dinamizar a catequese dos cristãos católicos da América – latina e do Caribe, onde puderam perceber uma riqueza regional que é a “a fé no Deus amor”.
O CAM 3 - Terceiro Congresso Missionário Americano, com o tema: “América com cristo” e lema: “Escuta, aprende e ensina”, é uma forma de concretizar o pensamento dos bispos que durante o CELAM desenvolveram um novo projeto de pastoral, formando um novo ardor apostólico e um maior compromisso missionário para a divulgação do evangelho de Cristo.
O mesmo nos propõe a ESCUTA da palavra, pois escutar a palavra de Deus, o magistério e a tradição da igreja fortalece o missionário a ter coragem de se dispor a exemplos de Maria e dos Apóstolos, primeiros missionários do Cristo. APENDER com a palavra a executar sem ódio mais também sem medo a palavra do Senhor. ENSINAR
Agora como cristãos, temos que nos apropriar desse chamado e apelo da igreja, e não somente dela, mas do Cristo que junto aos mais pobres grita pedindo incessantemente a sua igreja que tenhamos compromisso com o reino de Deus, pois disse “Felizes os pobres de espírito pois deles é o reino dos Céus” (Mt. 5). Somente assim, sendo discípulos e missionários assumindo o projeto do reino, em Cristo os povos terão vida.

DIEGO DA SILVA MOURÃO

O SIGNIFICADO DO CANDOMBLÉ


O candomblé é uma religião originária da África, trazida ao Brasil pelos negros escravizados na época da colonização brasileira. A presença das religiões africanas é uma conseqüência imprevista do trafico dos escravos, que determinou a afluência de cativos Gegês e Nagôs (Daomeanos e Yorubás), trazidos da Costa dita dos Escravos e desembarcados, principalmente, na Bahia e em Pernambuco. A extraordinária resistência oposta pelas religiões africanas às formas de alienação e de extermínio haveria de surpreender. A religião foi tolerada porque os senhores julga as danças e os batuques simples divertimentos de negros nostálgicos, úteis para que eles guardassem a lembrança de suas origens diversas e de seus sentimentos de aversão recíproca.
O Candomblé se difundiu no Brasil no século passado, com a migração de africanos com escravos para os senhores de terra. A população escrava no Brasil consistia quase totalmente de negros de Angola. No momento da chegada dos nagôs, um século e meio de escravos havia passado, distribalizando o negro e apagando seus costumes, crenças e sua língua nacional. Mas o elemento africano, resistiu e criou uma forma de cultuar seus deuses através do sincretismo com os santos católicos.
Mesmo levando em conta a pressão social e religiosa, era relativamente fácil para os escravos, na sonolência geral, reinstalar na Bahia as crenças e práticas religiosas que trouxera da África, pois, a igreja católica estava cansando do esforço despedido na criação de irmandades de negros como tentativa de anular toda sua cultura, mas todos os meses novas levas de escravos, adeptos ao culto aos Orixás, desembarcava na Bahia.
Por volta de 1830 três negras conseguiram fundar o primeiro templo de sua religião na Bahia, connhecida como Ylê Yá Nassó, casa da mãe Nassó. (Nassó seria o titulo de princesa de uma cidade natal da costa da África). Esta seria a primeira a resistir às opressões católicas, desta casa se originam mais três que sobrevivem até hoje e que fazem parte do grande Candomblé da Bahia, sendo elas: o Engenho velho ou Casa Branca, Gantóis, cuja ilustre dirigente foi mãe menininha do gantóis (falecida em 1986) e do Alaketu.
Os Candomblés se diversificaram desde 1830, a medida que a religião dos nagôs se firmava, primeiro entre os escravos e por fim, no sei do povo. Hoje há quatro tipos de Candomblé ou Candomblé de quatro nações: Kêtu (povo nagô), Jêje (povo nagô, mas obedientes a uma outra cultura), Angola-congo (povo bantu, este culto é mais abrasileirado) e de caboclo (cultuam mais os caboclos, misturam-se com a Umbanda).
O Candomblé baseia-se no culto aos Orixás, deuses oriundas das quatros forças da natureza: Terra, Fogo, Água e Ar. Os Orixás são, portanto, forças energéticas, desprovidas de um corpo material. Sua manifestação básica para os seres humanos se dá por meio da incorporação. O ser escolhido pelo orixá, um dos seus descendentes, é chamado de elegum, aquele que tem o privilégio de ser montado por ele. Torna-se o veículo que permite ao orixá voltar à Terra para saudar e receber as provas de respeito de seus descendentes que o evocam. Cada orixá as suas cores, que vibram em seu elemento visto que são energias da natureza, seus animais, suas comidas, seus toques (cânticos), suas saudações, suas insígnias, as suas preferências e suas antipatias, e aí daqueles que devendo obediência os irrita. A síntese de todo o processo seria a busca de um equilíbrio energético entre os seres materiais habitantes da Terra e a energia dos seres que habitam o ORUM, o suprareal (que tanto poderia localizar-se no céu – como na tradição cristã – como no interior da Terra, ou ainda numa dimensão estranha a essas duas, de acordo com diferentes visões apresentadas por nações e tribos diferentes). Cada ser humano teria um orixá protetor, ao entrar em contato com ele por intermédio dos rituais, estaria cumprido uma serie de obrigações. Em troca, obteria um maior poder sobre suas próprias reservas energéticas, dessa forma teria mais equilíbrio.

CANDOMBLÉ MESMO É COZINHA


Dentro do universo do Candomblé, a cozinha merece uma atenção especial, por ser um dos espaços onde se passa e se constitui o sagrado. Tudo nela remete a esta dimensão. Assim, “A cozinha de santo” aparece sempre como algo distinto, separado da cozinha do dia a dia. Separada na sua grande maioria, não por limites externos, mas internos que são representados por mudanças de atitudes, ações, formas de uso, etc.
Em muitos terreiros de Candomblé, o local onde são preparadas as comidas dos Orixás é o mesmo onde são feitas as comidas do dia a dia. Esta separação, todavia é realizada de forma bastante visível e determinada. Muitas vezes se reserva para as comidas de santo um fogão especial que pode ser de lenha ou industrial, enquanto a outra permanece num fogão menor. Comum é se trocar de horários. É muito difícil se mexer com as panelas dos Orixás ao lado de outras panelas bem como misturar os utensílios destas duas cozinhas.
“Cozinha do santo” é, assim, mais que um lugar determinado que, em terreiros de estrutura maior, os mais antigos, se tem para preparar somente os pratos dos Orixás e, sim, um espaço criado e redefinido a cada momento, no terreiro, através da separação dos objetos, utensílios e mudanças de comportamento. Tudo participa do sagrado: o espaço em si, as panelas, travessas, pratos, bacias, cestos, peneiras, colheres de pau, ralos, o pilão, as frigideiras, formas de assar e sobretudo as pessoas que nele transitam.
A cozinha é cheia de interdições como: não conversar mais que o necessário, não falar alto, gritar, cantar ou dançar músicas que na sejam do santo; não entrar pessoas que não sejam iniciadas-dependendo do que se estiver fazendo, somente um número muito restrito-não admitir que mulheres menstruadas permaneçam nela, etc. neste espaço sacralizado, tudo vai ganhado significado: a bacia que cai, o garfo, a faca, a colher, o óleo que faz fumaça o fogo, etc. Na cozinha se aprende além do “ponto” certo de determinado prato, que não se dá as costas para o fogo, não se joga sal o chão, não se mexe comida de orixá com colher que não seja de pau, que a comida mexida por duas pessoas desanda, que não se joga água no fogo e que muitas pessoas por terem o sangue ruim fazem a comida desandar. Ou que a presença de pessoas de um determinado orixá faz com que uma certa comida não dê certo, como por exemplo: em cozinha onde tem gente de Xangô o milho de pipoca queima antes de estourar. Pela cozinha, entram as pessoas de maior prestígio na Religião e é nela própria que, em certas ocasiões, muito antes mesmo de se chegar no peji do Orixá, que este é consultado a fim de se saber se a comida foi bem preparada ou não.
Embora marcada por vários limites, a cozinha é mesmo escola mestra, local onde se aprende as lições mais antigas, através do exercício longo e paciente da observação. Local onde permanece por maior período de tempo os iniciados, seja varrendo, lavando, limpando, guardando, ascendendo ou mantendo o fogo, cozinhando, com olhos e ouvidos atentos a tudo que se passa nela. Daí entende-se o dizer corrente: “Candomblé mesmo é cozinha!!!” Talvez por ser ela mais que um local de transformação e sim de passagem e transmissão de conhecimento, por onde transita algo essencial que ultrapassa os limites das oposições por situar-se no mais intimo e profundo ser do homem: o comer.

O SIGNFICADO E RITMO TOCADO NOS BARRACÕES

A presença do ritmo no barracão parece estar associada à dança, que rememora os atributos míticos das divindades. Desse modo, um deus guerreiro, como Ogun, estabelece uma coreografia na qual os movimentos serão ágeis, rápidos e vigorosos, adequando-se ao ritmo executado, diferentemente dos passos lentos, fluidos e ondulantes de Oxum, uma deusa das águas. “Eu vejo a música como a... representação de expressar a dança do orixá, o preceito, o que ele faz, como ele vive... Como se fosse eu falando da minha vida ou cantando alguma coisa para ele.” (Jorge). Assim, com seus ritmos característicos, cada orixá expressa, na linguagem musical e gestual, suas particularidades, criando uma atmosfera na qual estas se tornam inteligíveis e plenas de sentido religioso. Daí podemos falar dos ritmos mais freqüentes no Candomblé em termos do que representam e de sua relação com as entidades às quais homenageiam. O adarrum é o ritmo mais citado como característico de Ogun. É um ritmo “quente”, rápido e continuo, que pode ser executado sem canto, ou seja, apenas pelos atabaques. Pode, também, ser executado com o objetivo de propiciar o transe. O toque de bolar, por exemplo, se faz ao som do adarrum. O aguerê é o ritmo de Oxossi. É acelerado, cadenciado e exige agilidade na dança, do mesmo modo que a caça exige a agilidade do caçador. O ritmo de Obaluaê é o opanijé, um ritmo pesado, “quebrado” (por pausar) e lento. Este ritmo lembra a circunspeção deste deus das epidemias, ligado à terra. O bravum, embora não seja atribuído especialmente a algum orixá, é freqüentemente escolhido para saudar Oxumarê, Ewá e Oxalá. É um ritmo relativamente rápido, bem dobrado e repicado. A dança preferida de Xangô se faz ao som do alujá, um ritmo quente, rápido, que expressa força e realeza recordando, através do dobar vigoroso do Rum, os trovões dos quais Xangô é o senhor. Ijexá, o único ritmo tocado com as mãos no rito Ketu é, por excelência, o ritmo de Oxum. É um ritmo calmo, balanceado, envolvente e sensual, como a deusa da água doce, à qual faz alusão. Ele é tocado ainda para o orixá filho de Oxum, Logum-Edé e, algumas vezes para Exu e para Oxalá. Para Iansã, divindade dos raios e dos ventos, toca-se o ago, ilu, ou aguerê de Iansã, termos que designam um mesmo ritmo que, de tão rápido, repicado e dobrado, também é conhecido como “quebra-prato”. É o mais rápido ritmo do Candomblé, correspondente à personalidade agitada, contagiante e sensual desta deusa guerreira, senhora dos ventos e que tem o poder de afastar os espíritos mortos (eguns). Sató, um ritmo vagaroso e pesado, é geralmente tocado para Nana, considerada a anciã doas iabás (orixás femeninos). O batá, talvez um dos ritmos mais característicos do candomblé, pode ser tocado em duas modalidades: bata lento e batá rápido, sendo o primeiro executado para os orixás cuja dança comedida denota certas características de suas personalidades, como a dança de Oxalufã, o deus arcado e velho que, com seu paraxô (cajado), criuo o mundo. Significativamente, o termo bata, designa também o tambor de duas membranas, afinadas por cordas, cujo uso nos candomblés do Norte e Nordeste do Brasil é tão difundido Que talvez por este motivo o ritmo tenha tomado seu nome, ainda quando não executado por este instrumento. Vamunha é um outro ritmo, também conhecido por: ramonha, vamunha, avamunha, avania ou avaninha, tocado para todos os orixás. É um toque rápido, empolgado e tocado em situações especificas como a entrada e saída dos filhos de santo no barracão e para a retirada do orixá incorporado. É nesse momento que o orixá saúda os pontos de axé da casa e se retira sob a aclamação dos presentes. Todos os toques (ritmos) acima são característicos do rito Ketu e, conforme procuramos demonstrar, associam letra, melodia e dança que, integrados, “narram” a experiência arquetípica dos orixás, vividas em nível individual e grupal e cujo ápice é o transe. Alguns deste ritmos são tão personalizados dos orixás que podem dispensar as letras ou mesmo a dança como elementos de identificação. É o caso do alujá, o opanijé e do ago (quebra-prato), consagrados a Xangô, Obaluaê e Iansã, respectivamente.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

OS IRMÃOS E IRMÃS DE JESUS


No grego bíblico, o termo “adelphós” (irmão) corresponde ao vocábulo hebraico “ah”, que tanto pode significar irmão carnal quanto parente de consangüíneo. Assim, a palavra “adelphós” (irmão) é usada também para designar um primo, um sobrinho, um tio ou qualquer parente. Em Gêneses 13,8, Abrão (a mudança de nome para Abraão se dará posteriormente) diz a Ló: “[...] somos irmãos”; mas pouco antes, se lê (Gn 11,27-31) que Ló era filho de Arão, irmão de Abrão; portanto, Ló era sobrinho de Abrão, e não irmão (cf. também: Gn 29,15; compare com Gn 27,43 e 29,10-11). Por trás dessa identificação de “irmão” com “primo” ou “parente”, há um conceito de família deferente do nosso. Ao nos referirmos a uma família, pensamos no pai, na mãe e nos seus filhos. Os orientais tinham um conceito de família diferente do nosso: incluíam nela (e muitos o fazem ainda hoje) também os parentes, próximos ou distantes. Os evangelistas referem-se aos parentes de Jesus como “irmãos e irmãs”, sem nunca chamá-los de “filhos de Maria”, nem dizer que Maria fosse mãe deles. MT 13,55 e Mc 6,3 citam alguns “irmãos de Jesus”: Tiago, José, Judas e Simão. Descrevendo a cena do Calvário, porém, o evangelista João diz: “Junto a cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena” (Jo 19,25). Marcos destaca que essa outra Maria (Irmã da Mãe de Jesus) era mãe de Tiago, o Menor, e de José (cf. Mc 15,40). Estes últimos não eram, pois, irmãos carnais de Jesus, mas seus primos, pois filhos de uma irmã de sua Mãe. Por sinal, no inicio de SUS carta, o apóstolo Judas declara-se “servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago” (1,1). Também a palavra “primogênito” não é determinante para se concluir que Jesus tenha tido irmãos e irmãs; seu uso é sobretudo jurídico. A lei mosaica exigia que o primogênito (primeiro gerado) fosse consagrado ao senhor (Ex 13,2), independentemente de mais tarde os pais terem ou não outros filhos. Se Maria tivesse tido filhos, seria inexplicável que Jesus, na hora de sua morte, a confiasse ao apóstolo João (Jo 19,26); os outros filhos é que teriam obrigação de cuidar dela.
DOM MURILO S. R. KRIEGER, SCJ

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A 27 de Setembro de 1696, em Marianella, Nápoles, Itália, nasceu Afonso Maria de Ligório de quem se profetizou que "viveria longos anos, seria bispo e realizaria grandes obras por Jesus Cristo".

Nápoles viu-o nascer, mas também o viu abandonar uma carreira brilhante de advogado da cidade, depois de uma preparação esmerada em diferentes áreas do saber desde a Música ou pintura até ao Direito. Viu-o abandonar os muitos bens familiares para seguir Jesus Cristo e anunciar o Seu Evangelho.

É ordenado sacerdote em 1726. Tinha então 30 anos, depois de uma grande experiência de serviço aos pobres abandonados.

A 9 de Novembro de 1732 funda a Congregação do Santíssimo Redentor, Missionários Redentoristas, para, segundo a sua intuição, "continuar o exemplo de Jesus Cristo Salvador, pregando aos pobres a Palavra de Deus, como Ele disse de Si mesmo: Enviou-me para evangelizar os pobres.

Em 1762 é ordenado Bispo de Santa Agata Deis Goti.

Depois de uma vida longa dedicada à pregação e à escrita, escreveu 111 livros, para promover a vida cristã em todos os membros da Igreja, sobretudo no povo simples e mais abandonado, morreu em Pagani, Itália, em 1787.

A Igreja considera este homem como um dos seus grandes santos e sábios do século XVIII. Canonizou-o em 1839, propondo-o a toda a comunidade dos baptizados como exemplo de santidade.

Concedeu-lhe o titulo de Doutor da Igreja em 1871, elogiando a sua sabedoria no campo das ciências sagradas.

E ainda o privilegiou com o titulo de Padroeiro dos Moralistas e Confessores em 1950, pela sua reflexão e renovação no campo da Moral.

Santo Afonso Maria propõe-nos uma espiritualidade Cristocêntrica e popular que consiste sobretudo em "Amar Jesus Cristo", e que para amá-lo, é necessário segui-lo. Ao segui-lo unimo-nos com Cristo e com Deus.

Santo Afonso, como Santo e Mestre legou-nos uma herança que persiste viva na Igreja, sobretudo através das comunidades dos Missionários Redentoristas, que ele fundou, para anunciarem a Abundante Redenção aos Homens.

Vida de São Geraldo Magella, Redentorista


Nasceu em Muro Lucano, Itália, a 23 de Abril de 1726. Morreu a 16 de Outubro de 1775, com apenas 29 anos de idade. Viveu só 6 anos na Congregação do Santíssimo Redentor "Missionários Redentoristas". A sua vida foi muito curta, mas cheia de Deus. Procurou conformar toda a sua vida com a vontade de Deus estando sempre muito atento às necessidades dos mais pobres, tanto material como espiritualmente. Foi um grande missionário, como irmão auxiliar, no começo da Congregação. Participou em missões populares, chegando a dizer-se que consegui mais Gerardo com a sua presença e ação do que os Padres com a pregação. Toda a sua vida foi um constante expandir o zelo apostólico através de todo o tipo de trabalhos e de ofícios que realizou, como sacristão, porteiro, alfaiate ou hortelão. Deus dotou-o de grandes dons para a missão apostólica permitindo-lhe ler o segredo das consciências das pessoas levando-as assim a converter-se. Uniu em si grandes penitências com um caráter muito alegre. Dois lemas orientaram a sua vida: "Vou fazer-me Santo" (Quando abandonou a sua casa para ir com os missionários) "Aqui faz-se a vontade de Deus" (Escreveu na porta do seu quarto) São Gerado celebra-se a 16 de Outubro